Você já chegou bem pertinho de uma colmeia de abelha sem medo de ser picado? Ou então já parou para pensar como é cultivada a salada ou o tomate que chega a sua mesa e se eles tem agrotóxicos ou não? Já imaginou colher uma laranja no pé e tomar seu suco bem fresquinho logo em seguida?
Para responder a todas essas perguntas e curiosidades, te convido a trilhar comigo o Caminho das Hortas e Capelas, que faz parte do turismo rural desenvolvido pela cidade de Araçoiaba da Serra, um município que fica a apenas 123km da capital de São Paulo (menos de 2 horas de viagem, ou seja, dá pra se hospedar lá ou fazer um bate e volta). Preparado pra caminhada?
Para fazer o roteiro, basta ligar no Sindicato Rural e agendar a data nos números: (15) 3281-3149 / (15) 99630-2861. Mais informações estão no site: http://aracoiaba.sp.gov.br/caminho-das-hortas-e-capelas/ . Você pode escolher entre fazer a visitação com ou sem monitoria, eu preferi com monitoria para obter mais informações e dicas do passeio. Nossa monitora foi a Vanessa (um amor de pessoa e com uma paciência incrível para aguentar meu pai e eu falando sem parar…).
O passeio começou às 9h da manhã no Portal da Cidade, encontramos a Vanessa e ela foi conosco no carro passando todas as informações da cidade (assunto de outro post sobre os pontos turísticos de Araçoiaba da Serra). Começamos o roteiro pelo Sítio do Bocão, onde fomos muito bem recebidos pela Shirley e pelo Oswaldo. Nosso tour começou conhecendo a colmeia de abelhas da espécie mandaçaia (sem ferrão), e como estamos no inverno, elas são alimentadas com um suplemento feito de chá de erva cidreira com açúcar (notem que tem uns pauzinhos nos copos para que elas não caiam e não se afoguem – adorei a ideia!).
Em seguida fomos visitar a plantação de pitaia, que é uma fruta exótica também conhecida como “fruta do dragão” por seu aspecto rústico. Atualmente está na moda pelos grandes benefícios que traz para a saúde, por ser rica em fibras alimentares, vitamina C e ferro e estão em estudo suas propriedades na prevenção do câncer (http://www.conquistesuavida.com.br/noticia/pitaia-a-fruta-da-moda-conheca-mais-sobre-os-seus-beneficios-para-a-saude_a5844/1 ). Tivemos a oportunidade de conhecer como é o sistema de irrigação por gotejamento para que a planta tenha sempre água na medida certa. Ainda não está na época da florada, mas deu pra ter uma ideia de como será bonito de ver quando estiver produzindo. Já fica a dica para voltar lá na época da colheita.
Também visitamos a horta orgânica, o cultivo de morangos, a árvore de macadâmia, a nascente do riacho que vai desaguar no lago e finalizamos o tour com um excelente café da manhã preparado com muito carinho pela Shirley. Aquele cheirinho de café invadiu a casa, o bolo de fubá cremoso estava divino e as geleias, uma melhor que a outra (o bom é que você pode comprar as geleias para se deliciar em casa e também o uísque caiçara, feito de pinga com cataia – que segundo a lenda tem propriedades afrodisíacas). Vale lembrar que o café colonial deve ser agendado e o Sítio do Bocão também pode ser locado para eventos.
Nosso passeio continuou em direção à segunda parada: o Pesqueiro Oásis, que oferece ao visitante a possibilidade do pesque e pague tradicional e a pesca esportiva (na qual os peixes são devolvidos ao lago). Não participamos dessa atividade, nosso foco foi conhecer o Pomar de Laranja Pera Valencia (uma mistura de sabores de laranja e limão), que estava carregado de frutas no ponto de colheita. Aqui também funciona o esquema do colha e pague e quem nos ajudou nessa missão divertidíssima foi o Gustavo (do Sítio Panorama – outro ponto do roteiro que visitaremos da próxima vez porque hoje estava locado para um evento) e a Dona Nair, proprietária do pesqueiro, que nos acolheu com todo carinho e atenção. Depois do “trabalho” fomos experimentar o suco da laranja que colhemos. Estava maravilhoso!!! A pura polpa fruta!!!
Nesse passeio também pudemos conhecer a Fany, a idealizadora do projeto colha e pague tanto aqui quanto na plantação de caqui em Piedade (ficou faltando tirar fotos com ela, mas fica para uma próxima oportunidade), o importante é ressaltar esse belíssimo trabalho de incentivo à aproximação entre o produtor e o consumidor e acima de tudo o respeito à natureza!
O Pesqueiro Oásis também oferece almoço e porções mediante agendamento, que foram muito bem recomendados, só não chegamos a provar porque tínhamos acabado de tomar café, mas já é uma deixa para a próxima visita.
Nossa terceira parada foi a visita à Capela São Benedito, que a princípio ficava em outra propriedade, cujos donos não eram católicos e não queriam mais que a capela ficasse lá, então a avó do atual proprietário cedeu o espaço para que a capela fosse construída onde está agora. Como isso já faz alguns anos, a construção foi se deteriorando com o tempo, mas foi reformada recentemente e no dia do nosso passeio às 16h haveria uma procissão e missa em homenagem a São Pedro. Não conseguimos esperar porque ainda tínhamos outros lugares para visitar. De qualquer forma, já ficou o convite para voltarmos de uma próxima vez para acompanharmos a missa.
Continuamos nosso passeio para a quarta parada: o Sítio Nakazone, onde tivemos uma aula sobre cultivo sustentável, orgânico e principalmente com amor que nos foi oferecida pelo Sr. Seiko! Visitamos sua horta orgânica, o depósito de substratos que servem de adubo e pudemos perceber como tudo pode ser reaproveitado na natureza. O sítio está sendo preparado para se tornar uma pousada para que os visitantes tenham mais tempo de conviver com as riquezas do campo, mas já recebe eventos e numa certa ocasião, o Sr. Seiko nos contou que arrendou uma parte do terreno para o cultivo de girassóis: o plantio foi feito de manhã e no mesmo dia choveu torrencialmente, todos ficaram muito tristes porque perderiam todo o trabalho. Porém, as sementes resistiram e 50% da plantação conseguiu florescer e com uma qualidade e beleza tão excepcionais que só pode ter sido um presente divino!
No Sítio Nakazone também tem um espaço para exposição de artesanato, onde nos encantamos com o belíssimo trabalho das irmãs artesãs: Margareth e Fanny, que fazem peças de bucha vegetal, palha de milho, folha de bananeira, entre outros materiais, sempre buscando o reaproveitamento, além de lindas peças de lã. Elas também expõem aos domingos na Feira do Lago de Araçoiaba. Me disseram que a Margareth faz salgados como ninguém (vou experimentar da próxima vez e depois te conto).
Firmes e fortes partimos rumo à quinta parada: o Sítio São José, no qual fomos recepcionados pelo Sr. Seishim, que nos mostrou suas hortas orgânicas, tanto a tradicional (em terra), quanto à hidropônica (cujo cultivo se dá na água). São belíssimas e também fazem parte do sistema colha e pague. Ele nos explicou um projeto que ainda está em desenvolvimento, mas quando ficar pronto será muito interessante: o clube da horta, onde a pessoa aluga um espaço e planta sua própria horta e eles cuidam durante a semana para que a pessoa possa voltar aos finais de semana para acompanhar o desenvolvimento e literalmente colher o que plantou.
Outro diferencial do Sítio São José é a plantação de tomate em estufa, mas não é uma estufa qualquer, trata-se de uma estufa totalmente tecnológica, onde todo o controle é feito digitalmente, através da central e o acesso à plantação também é controlado para garantir a esterilização e a proteção do cultivo, já que não são utilizados agrotóxicos. Só pelas fotos, você já consegue ter uma ideia da estrutura e certeza da qualidade do produto.
Também é nesse sítio que fica a Capela de São José, que foi construída há muito tempo como forma de agradecimento por uma benção alcançada.
É muito aconchegante e traz muita paz!
Falando em paz e religiosidade, nossa sexta parada foi na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, que foi construída em 1932 e abriga a imagem de Nossa Senhora Aparecida dessa mesma época. Mas todo primeiro domingo do mês de julho, a igreja recebe a imagem de Nossa Senhora Aparecida Peregrina, que vem em procissão da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, localizada no centro de Araçoiaba da Serra.
Ao lado da igreja, fica nossa sétima e última parada: o Sítio 4 Irmãos, onde fomos muito bem recebidos pela Fernanda, que nos mostrou o sítio e seus animais (tinha uma égua com uma filhotinha que é a coisa mais fofa, além das cabras, burros, vacas, entre outros).
Também visitamos o local onde ela fabrica os queijos e depois fomos encaminhados para um espaço muito aconchegante onde acontece a degustação, acompanhados por aquele cafezinho… Eu já havia provado alguns quando visitei o 17º Salão São Paulo de Turismo e a conheci no stand de Araçoiaba da Serra. Mesmo assim, ainda me surpreendi com o sabor dos queijos e doces que provei (o melhor é que estão à venda e você pode levar essas delícias para saborear em casa). Queijo de São Paulo, mas com o toque e sabor do queijo de Minas Gerais, preparados com todo o carinho pela mineira Fernanda. Realmente foi um passeio para fechar com chave do ouro o roteiro!!!
Ainda ficaram faltando três paradas do Caminho das Hortas e Capelas, que estavam recebendo eventos nesse dia e por isso não podiam ser visitados: o Sítio Panorama, o Sítio Vista Alegre e o Sítio Dú Caipira. Mas assim que possível vou terminar o percurso e contar como foi. E se você for antes, compartilhe aqui sua visita.
Espero que tenha gostado das dicas!!! E quando for, me conta como foi seu percurso nesse caminho!!!