Quer conhecer um pouco mais sobre a arquitetura e curiosidades das construções de prédios icônicos da justiça de São Paulo? Hoje meu convite é para que você me acompanhe na 4ª Jornada do Patrimônio 2018 e venha visitar o Museu do Tribunal de Justiça e o Palácio da Justiça! Vamos?
Nosso passeio começa pelo Palacete Conde de Sarzedas, que é a sede do Museu do Tribunal de Justiça de São Paulo desde 2007. Porém o prédio foi construído para residência e permaneceu com essa finalidade até próximo da década de 40.
O Palacete foi construído no final do século XIX por Luís de Lorena Rodrigues Ferreira, que era bisneto do 5º Conde de Sarzedas (por isso o nome do edifício), que casou-se com a francesa Marie Louise Belanger e a trouxe para viver no palacete com ele, pela diferença de idade entre os dois (ele tinha 60 anos e ela 18) surgiram boatos que ela era sua amante e o prédio era conhecido como “Castelinho do Amor”. Mas o que importa é o amor e a atmosfera aconchegante desse lar. Eles tiveram um filho, que foi a pessoa que mais aproveitou esse ambiente, vivendo ali até 1939.
O lugar é realmente de uma beleza arquitetônica incrível, logo no hall de entrada você já se depara com esse teto maravilhoso e a primeira sala onde estava acontecendo um sarau também é de encher os olhos.
Seguimos por um belíssimo corredor que foi restaurado desde o teto até o piso e teve seus vitrais vindos a maioria da França. Aqui estão expostos objetos de época, como relógios, calculadoras, protocolos, coleiros, entre outras peças.
Na sala seguinte fica a exposição “O Júri”, na qual foi possível conhecer um pouco da história do Tribunal do Júri, que é um tribunal popular onde a decisão pela inocência ou culpabilidade do réu cabe aos jurados, através da votação dos quesitos (perguntas objetivas cujas respostas são: “sim” ou “não”) e a sentença prolatada pelo juiz é baseada nessa decisão.
Aqui estão expostos alguns dos processos de grande repercussão nacional, bem como as vestimentas do juiz, promotores e advogados, a mesa do juiz, do escrevente, as urnas para os sorteios dos jurados, um crucifixo e um belíssimo quadro réplica do afresco “A Escola de Atenas” de Rafael di Sanzio, que simboliza a busca da verdade no âmbito filosófico e que se aplica perfeitamente à busca da verdade no âmbito judiciário.
No andar superior tem uma sala de estar decorada com mobiliário da época em que era residência da família, inclusive com fotos do casal: Luiz de Lorena Rodrigues Ferreira e Maria Luiza (Marie Louise) Belanger Rodrigues Ferreira.
E ao lado tem uma sala em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932, com uma parte do piso transparente para que possa ser visto como foi o processo de suporte para a restauração da estrutura do prédio.
Ficou com vontade de conhecer mais do Palacete? Então é só conferir mais informações no site: http://www.tjsp.jus.br/museu e as visitas monitoradas podem ser agendadas pelos telefones: (11) 3295-5818 /5819 ou pelo e-mail: [email protected]. O museu funciona de segunda à sexta das 11h às 17h com entrada gratuita e fica na Rua Conde de Sarzedas, 100 – próximo à estação Sé do metrô.
Nosso passeio continuou com a visita guiada ao Palácio da Justiça, que é a sede do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, um projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, cuja inauguração se deu em 25 de janeiro de 1942.
A fachada já impressiona com sua imponência e união dos estilos neoclássico e barroco, mas o encantamento é ainda maior no hall de entrada, onde fica o “Salão dos Passos Perdidos”, com suas 16 colunas de granito vermelho de Itu que pesam cerca de 15 toneladas (e na época da construção foram içadas por roldanas e com as força dos operários porque não tinha guindaste), o teto com detalhes de ouro e marfim e o tapete vermelho que conduz à sala do júri. Existem várias hipóteses para o nome “Salão dos Passos Perdidos”, entre elas seria porque as pessoas que estavam esperando para se apresentarem ao juiz ficavam ali andando de um lado para outro nesse salão, bem como as pessoas que estavam esperando pelo resultado do julgamento nas sessões do Tribunal do Júri.
No “Salão do Júri” fomos recepcionados pelo monitor Paulo que nos deu uma aula sobre o funcionamento da Justiça Estadual de São Paulo, incluindo o Tribunal do Júri e o Tribunal de Justiça em si, contou como eram as sessões no Salão do Júri até 1988 (quando passaram a ser realizadas nas varas do júri do Fórum Criminal da Barra Funda), mostrou onde ficavam o juiz, os jurados, os promotores, os advogados, as testemunhas, o réu e o público que ia assistir ao julgamento.
Ele nos explicou também todo o processo de construção do Palácio da Justiça e cada peculiaridade da riqueza arquitetônica desse edifício, como o significado dos vitrais, das figuras de leões e águias nas paredes e nos lustres, entre outros símbolos, e principalmente o porquê da imagem de Jesus Cristo Crucificado na parede do salão: um alerta para o maior erro judiciário cometido na história da humanidade, lembrando a todos do cuidado que devem ter ao analisar o caso que está sendo julgado.
Mesmo não sendo mais utilizado para sessões de julgamento, o Salão do Júri mantém sua configuração original (foi tombado pela Condephaat da Secretaria da Cultura em 1981) e é utilizado para visitas monitoradas, cerimônias de posse e outros eventos culturais.
A próxima sala a ser visitada foi o Espaço Cultural “Poeta Paulo Bomfim”, cuja monitoria ficou por conta do Nelson, que nos explicou que essa era a sala secreta dos jurados e em 2009 passou a ser um espaço de homenagem ao Poeta Paulo Bomfim, que é funcionário do Tribunal de Justiça, autor do hino do TJ, membro da Academia Paulista de Letras e autor de grandes obras que retratam seu amor e respeito pelo judiciário e pela cidade de São Paulo. Acho muito interessante essa homenagem à pessoa enquanto ela está viva e pode receber esse carinho e reconhecimento pelo trabalho.
Nesse espaço também tem uma exposição em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932, com um acervo que destaca sua importância histórica para todo o judiciário brasileiro.
A seguir fomos visitar a Sala “Desembargador Emeric Levai”, tendo como anfitriã a monitora Cláudia, que nos explicou que esse espaço já serviu como dormitório para os jurados (pois estes eram incomunicáveis e não podiam sair do tribunal enquanto o julgamento não terminasse) e que desde 1995 expõe parte do acervo do Museu do Tribunal de Justiça (que foi nosso primeiro passeio de hoje).
A sala abriga diversas peças históricas, como tinteiros, urnas, livro de registro de feitos, a colher de pedreiro do assentamento da primeira pedra do Palácio em 1920, e até a vara do juiz ordinário, que simboliza a autoridade do juiz (deveria estar sempre com ele, sob pena de multa) e também significa a condução coercitiva ao magistrado, dando origem à expressão “conduzido debaixo de vara”.
Essa sala também tem fotos de grandes nomes do judiciário brasileiro e o brasão de armas de São Paulo pintado na parede. O teto tem pinturas e em uma das paredes é possível como é feito o processo de restauração, com uma parte apresentando a pintura original desgastada pelo tempo.
Para finalizar nosso tour, fomos conhecer “A Plenária”¸ que fica no 5º andar, tem o nome de “Sala Ministro Manoel da Costa Manso” e também é conhecida como “Salão Nobre”.
Aqui ocorre o julgamento de matérias de natureza administrativa e específicas pelo Órgão Especial, formado por 25 desembargadores. A sala é encantadora, desde o teto, passando pelas paredes com pinturas folhadas a ouro, pelos móveis, até chegar nos vitrais que representam as “Sete Virtudes da Justiça”, como o Pensamento, a Paz, a Inocência, o Passado, a Verdade, a Esperança e a Temperança.
E para encerrar o roteiro com chave de ouro foi realizado um “quiz” com questões sobre as informações que foram passadas na visita, eu acertei uma delas e ganhei um kit do TJ. Sei que você está curioso para saber o que tinha na sacolinha, não é? Então vou te contar: eu ganhei um calendário, lindos postais do Palácio e de seus detalhes arquitetônicos, marcadores de página, livros informativos entre outros brindes.
O Palácio da Justiça realmente impressiona por sua grandiosidade arquitetônica, desde as salas que visitamos, passando pelo hall, pelas escadarias, até os corredores, enfim, tudo foi construído e é mantido com muito zelo e cuidado. Foi um privilégio fazer essa visita!
Se você gostou da postagem e quer conhecer pessoalmente, basta entrar em contato pelos telefones: (11) 3117-2615 (de segunda à sexta das 9h às 19h) ou pelo e-mail: [email protected]. Lembrando que as visitas monitoradas precisam ser agendadas e são para grupos, mas as visitas guiadas individuais podem acontecer em eventos como esse que participei (Jornada do Patrimônio), em viradas culturais, entre outros. E próximo evento será a 12ª Primavera dos Museus (dias 22 e 23 de setembro de 2018 com visitas monitoradas às 11h, 14h e 16h30). Ou então, você pode visitar diretamente, sem monitoria, de segunda à sexta das 12h30 às 18h. O Palácio da Justiça fica na Praça Clóvis Bevilacqua, s/n, próximo à estação Sé do metrô. Para saber mais detalhes, é só dar uma olhadinha no site: http://www.tjsp.jus.br/Museu/PalacioDaJustica
Muito obrigada por ter me acompanhado em mais essa experiência. Se puder, compartilhe como foi pra você percorrer o Caminho da Justiça…